Pessoas trans frequentemente precisam passar por tratamentos de terapia hormonal para adequarem seus corpos à sua identidade de gênero. Isso significa, de maneira simplificada, que homens transgêneros recebem testosterona e mulheres transgêneros recebem estrógeno.

O médico responsável por essa administração é o endocrinologista, e é fundamental que os pacientes tenham acompanhamento e não se automediquem. O uso de hormônios nunca é apenas uma injeção ou outra, mas algo que vem da análise de cada indivíduo e de suas particularidades.

Tendo isso em mente, se você é transgênero ou conhece alguém que quer iniciar a terapia hormonal, há algumas coisas às quais você deve ficar atento.

Como iniciar a terapia hormonal em pessoas trans

Para começar o tratamento, muitas vezes o paciente vai precisar de um laudo psicológico que ateste sua condição transgênero. Então, na primeira consulta com o endocrinologista, serão solicitados alguns exames básicos para avaliar a saúde do paciente. Incluem-se exames de imagem, como do sistema reprodutor e/ou das mamas (no caso dos homens trans), de sangue e de densidade óssea para ver se existem riscos de problemas nos ossos.

Além disso, o paciente precisa informar certos fatores sobre seu histórico familiar e de saúde. É imprescindível que sejam avisados os casos passados de distúrbios hepáticos ou circulatórios, câncer de mama, HIV ou outras doenças que exigem medicação antirretrovirais. Isso tudo não significa, necessariamente, que a pessoa será impedida de passar pela terapia hormonal, mas pode indicar um tratamento diferenciado e com orientações específicas.

O estilo de vida é outra questão que deve ser debatida. O sucesso e a segurança da hormonoterapia têm muito a ver com a saúde geral do indivíduo. Ou seja, é importante que sejam evitadas as drogas, o uso excessivo de álcool e a obesidade. O tabagismo é particularmente perigoso, além de diminuir os efeitos feminizantes no caso das mulheres que estão recebendo estrógeno.

Antes de prosseguir

Depois que tudo isso foi discutido com o paciente e os exames foram recebidos, há ainda um termo de consentimento escrito que a pessoa trans pode ter de assinar, dependendo do médico. Esse documento explicita exatamente quais são os efeitos esperados (dentro de expectativas realistas, vale dizer) e quais os riscos que o tratamento traz. Mesmo se não houver o termo escrito, tudo ainda deve ficar bastante explícito durante as consultas.

Se o paciente escolher prosseguir, apesar dos riscos, então o médico poderá receitar as primeiras aplicações. Sem esquecer que ele pode se recusar a fazer o tratamento caso os riscos sejam muito grandes para determinada pessoa.

Depois que a terapia hormonal passa a ocorrer, a pessoa trans deve manter o acompanhamento, realizando exames de sangue, pressão arterial, exames clínicos da região pélvica e do peito, exames ósseos e quaisquer outras avaliações que o endocrinologista achar pertinente.

Quer saber mais? Estou à disposição para solucionar qualquer dúvida que você possa ter, e ficarei muito feliz em responder aos seus comentários sobre este assunto. Leia outros artigos e conheça mais do meu trabalho como endocrinologista em Salvador.